“Cowboy Carter: Um marco na história da música e na representação negra no country.”
No lançamento de “Cowboy Carter”, oitavo álbum de Beyoncé, a cantora nos lembra que, apesar das adversidades, a voz negra é poderosa. Este álbum não só celebra uma história de luta, mas também nos inspira a usar nossos dons para criar mudanças significativas. Como Beyoncé nos lembra, “manter a fé” e “VOTAR!” são passos essenciais para moldar o futuro.
“Diziam que eu era country demais
Então veio a rejeição, disseram que eu não era country o bastante
Disseram que eu não ia subir na sela, mas
Se isso não é country, me diga, o que é?”
(Trecho de AMERIICAN REQUIEM)
Os i´s duplos, recorrentes nos títulos das músicas do álbum, refletem que este é o segundo ato de uma trilogia iniciada com “Renaissance” e marca a incursão de Beyoncé no country, um estilo musical cujas raízes afro-americanas foram muitas vezes negligenciadas. Em um esforço para resgatar a participação negra nesse gênero, “Cowboy Carter” promete ser visualmente cativante e historicamente rico.
A narrativa do álbum não apenas celebra a contribuição dos artistas negros para o country, mas também destaca a importância dos cowboys negros na história do Texas. Esses homens, muitas vezes pouco representados em filmes de faroeste, desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da região após a emancipação.
Enquanto os fazendeiros do Texas confiavam nos cowboys negros para transportar gado para os estados do Norte, esses homens enfrentavam condições adversas e discriminação em sua jornada. Apesar das dificuldades, dentro de seus grupos, eles desfrutavam de um nível de igualdade, destacando a resiliência e a força da comunidade negra.
Ao explorar o passado, Beyoncé nos leva em uma jornada de descoberta e empoderamento, lembrando-nos do poder transformador da música e da voz coletiva.
A entrada da maior vencedora de Grammy’s no estilo musical reacendeu o debate sobre a participação negra no gênero. Apesar de costumeiramente ser rotulado como um estilo voltado para a população branca, as raízes do country remontam à população afro-americana, mas que sofreu um apagamento.
Esse embranquecimento aparece até mesmo no cavalo apresentado em cowboy Carter. O cavalo da raça lipizzaner, tem como característica o fato de nascer preto e sofrer a perda de pigmentação até ficar branco.
No Brasil
O sertanejo, que corresponde ao Country americano, sofre o apagamento na história que se repete com o branqueamento da música. Com sucesso majoritariamente de pessoas brancas, a música popular brasileira tem suas raízes na negritude, além disso, o Brasil é reconhecido mundialmente pela capoeira, o samba e o funk, que demonstram a cultura e a ginga do nosso povo.
O pioneiro do sertanejo, João Pacífico, autor de clássicos como Chico Mulato e Cabocla Tereza, teve seus versos eternizados nas vozes de Sérgio Reis e Chitãozinho e Xororó. O sertanejo faleceu em 1998, sem grandes repercussões no meio artístico e com ausência da mídia.
- Dica de música: ‘Alpendre da saudade’
(João Pacífico e Edmundo Souto, 1981) com Beth Carvalho
- Playlist de sertanejo negro criada pelo Prof. de Música Thiago de Souza – (Thiagson):