Mina de estanho na Amazônia vai para a China

Venda da mina de estanho de Pitinga para empresa chinesa reforça presença estrangeira no setor mineral brasileiro e levanta questões sobre soberania e impacto ambiental.

A mina de Pitinga, localizada em Presidente Figueiredo, há 126 km de Manaus, é rica em minerais como estanho, nióbio, tântalo e elementos de terra rara usados em equipamentos eletrônicos. A produção da mina é de até 17,9 toneladas por ano, com capacidade para produzir por mais de 100 anos.

A China Nonferrous Ltda (CNT) adquiriu a mina de Pitinga por US$340 milhões (aproximadamente R$2 bilhões), gerando um grande impacto econômico e estratégico. A mineradora Taboca, que explora a reserva desde 1969, notificou o governo do Amazonas sobre a transação.


Mineração Taboca

A empresa é o principal produtor brasileiro de estanho refinado do Brasil. Além do estanho, produz também o tântalo e nióbio. Além da mina de Pitinga, no AM, a Taboca opera com uma unidade metalúrgica em Pirapora do Bom Jesus (SP), onde processa os materiais oriundos do Amazonas, obtendo o estanho refinado Mamoré, com registro na Bolsa de Metais de Londres. O material é transportado pelo rio Amazonas, até o litoral de São Paulo e depois, por via terrestre, onde é distribuído para Pirapora.


Minerais Estratégicos: O Que Está em Jogo

Além de estanho, nióbio e tântalo, a mina de Pitinga contém minerais raros que são fundamentais para a indústria de tecnologia, como elementos de terras raras, que alimentam a fabricação de turbinas eólicas, carros híbridos e outros dispositivos eletrônicos de ponta.

  • Cassiterita: usada em tintas, plásticos e fungicidas, com a vantagem de ser ecológica.
  • Nióbio: essencial em produtos de alta tecnologia, como baterias de carros elétricos e equipamentos médicos como ressonâncias magnéticas e tomógrafos.
  • Tântalo e elementos de terras raras: cruciais para a fabricação de dispositivos eletrônicos e sistemas de energia renovável.
  • A mina poli metálica ainda contém: columbita, criolita, tório, urânio, háfnio, elementos de terras raras e potencial para índio, gálio e germânio.

 

Urânio

Apesar de sua riqueza mineral, a extração de urânio na região ainda é um tema sensível. Embora o urânio seja encontrado como subproduto na mineração de outros minerais, a Constituição Brasileira estabelece que sua extração só pode ocorrer em parceria com as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). A INB confirmou que a empresa chinesa não terá autorização para explorar o urânio e que qualquer urânio extraído acidentalmente será descartado como rejeito, sob a supervisão da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O que espera o futuro da mina de Pitinga?

A compra da mina de Pitinga pela China representa uma nova fase para a exploração mineral no Brasil. Embora o país continue a ser uma das maiores fontes de recursos naturais do mundo, a crescente presença de empresas estrangeiras levanta questões sobre a soberania mineral e o controle sobre riquezas essenciais para a indústria global.

O impacto ambiental e a questão do uso do urânio exigem monitoramento constante, além de estratégias claras para minimizar os danos ecológicos na região.

 

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